Reflexão no Guião para o Outubro Missionário relativo a este 29º Domingo do Tempo Comum:
Quem é o maior? Que lugar posso assegurar na escala da importância e do reconhecimento, diante dos outros e do próprio Deus? Tudo serve para hierarquizar as pessoas e os grupos, muitas vezes – teremos que o admitir, com humildade –, também na Igreja. O nome, a riqueza, a educação, a notabilidade, os cargos, o vestuário, a casa. Tudo pode servir para recordar ao outro que estou à sua frente, que sou mais do que ele, que a razão e a força estão do meu lado. Até a caridade e a piedade podem servir para assegurar um bom lugar diante de Deus – “pago o dízimo de tudo”; “dou-te graças por não ser como aquele pecador”.
Desde que fomos dados à luz, há um medo que nos assalta, o de não sermos suficientemente reconhecidos e amados. Desde Adão e Eva, a voz da serpente insinua no coração humano a dúvida de que Deus não cuida suficientemente de nós. Então, quando a confiança dá o lugar ao medo, o outro torna-se rival, aquele que me pode roubar o lugar e limitar o espaço. Bastaria recordar a história dos irmãos Caim e Abel. Nasce o desejo de afirmação. Montam-se estratégias de protecção contra todos os que podem usurpar o que considero vital para mim, umas mais rudes, outras mais refinadas. Do medo de não ser (filho) único e de não ser reconhecido, nascem estratégias de defesa e de ataque, para ficar à frente, para não ficar para trás. Tantas vezes, à custa dos outros. Devo ser um herói, a qualquer preço. Por isso, incho-me quando me consigo afirmar e deprimo-me quando me sinto derrotado.
“Convosco, não deverá ser assim”. “Reparem no Filho do Homem que não veio para ser servido, mas para dar a vida por todos”, inimigos incluídos. Para que cada um tenha vida, Ele oferece a sua. Ele é o Filho, aquele que conhece e se reconhece no afecto do Pai, de quem tudo recebe. Não tem que assegurar ou conquistar o que quer que seja, porque, como Filho, já tem tudo. Por isso, pode oferecer-se. Sendo o Unigénito, torna-se o Primogénito, o primeiro de muitos irmãos. Partilha, com cada homem e cada mulher, a filiação divina, estando disposto a assumir a sua condição de carne e de sangue e a atravessar a prova derradeira da morte – o medo de não ser suficientemente amado. Obedecendo até à morte de cruz, pôs a sua confiança total no Pai e, assim, nos assegurou que, no afecto do Pai, há muitas moradas, uma morada única para cada filho. Foi glorificado porque se fez obediente. É o primeiro porque se faz o último, compadecido das fraquezas de todos.
Na Europa ou em África, na América ou na Ásia, não há outro caminho para estar à direita ou à esquerda no Reino dos Céus se não o da entrega de si. É este o cálice que celebra a comunhão com o Senhor. Não há atalho alternativo para vencer a morte e assegurar a vida. Da comparação mortífera com o outro que leva a proteger o próprio lugar contra ele, só nasce ressentimento e morte. Mas, pela entrega de si pela vida do outro, aí, já se saboreia a vida plena, aquela que se gera na confiança de que somos filhos em quem o Pai põe todo o seu afecto. No amor não há temor. Nem comparação ou desejo de ficar à direita ou à esquerda, porque o Pai garante a cada um o melhor lugar, aquele que se cede ao irmão. Nesta forma de vida estará a força do enviado.
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