João Baptista é uma das referências essenciais deste tempo de Advento. Quando se trata de nos prepararmos para acolher Jesus que vem, nada como voltar a escutar esta voz do deserto (e o deserto é sempre um lugar significativo da essencialidade e, por isso, do encontro com Deus...). Não se trata de fazer umas «obras de fachada» para parecer bonito, mas de obras profundas, estruturais: endireitar veredas, altear vales, abater montes e colinas... Esta voz profética clama pela renovação estruturante do ser, pela capacidade de reorganizar a vida, pela conversão.
É verdade que a voz profética nem sempre é fácil de escutar... Com facilidade se arranjam rótulos: isso são coisas do passado, agora é toda a gente assim, não podemos ser retrógradas, essas coisas são muito bonitas de dizer mas não se podem viver no contexto actual... e tantas outras frases feitas, gratuitas, e como uma bela desculpa para manter vales e montes, e tortas as vias por onde se caminha na vida. De facto, a conversão não é apenas obra nossa, mas depende de nós a abertura ao Deus que bate à porta para que Ele em nós nos possa renovar interiormente na nossa forma de pensar, de sentir, de agir...
No Ano da Fé, o convite que encontramos é, em primeiro lugar, o convite à conversão: deixar ressoar em nós esta voz, não ter mede de ousar o deserto para que se dê o encontro capaz de nos transformar. Sim, porque só o Amor é capaz de nos fazer mudar, e só entrado na relação de amor com o Amor que vem ao nosso encontro (e a esta relação chamamos fé) nos podemos tornar pela palavra e pela vida, presença profética neste nosso mundo de hoje.
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