De novo, Jesus que se deixa ver aos seus discípulos. A experiência da Páscoa é, antes de mais, a de um encontro que enche os discípulos de alegria. No texto do Evangelho de S. João e que escutamos neste 2º Domingo da Páscoa, esta é a primeira nota: o escuro e as portas fechadas pelo medo, é radicalmente transformado pela presença do ressuscitado.
Jesus envia, então, sobre eles o seu Espírito para que respirem do mesmo «sopro» e espalhem, por sua vez, o sopro da misericórdia de Deus: alegria, paz e perdão são as palavras que enchem o ar da casa onde Jesus está ao centro.
Tomé não está lá nessa tarde de Páscoa, e o testemunho dos apóstolos não consegue convencê-lo: ele quer ver, quer tocar, recusa reconhecer o Ressuscitado num “fantasma”. Conhecido como Dídimo, nome que significa gémeo (de quem? os evangelhos não nos dizem, mas podemos dizer que conhecemos muito bem o seu gémeo: o meu, o teu, o gémeo de cada crente em caminho de fé...), é bem o gémeo e contemporâneo da pessoa que hoje busca as razões para aderir a Jesus Cristo.
Jesus respeita a caminhada de Tomé, e é Ele próprio que lhe propõe para que O veja e toque. Tomé, então, proclama o primeiro acto de fé da Igreja: “Meu Senhor e meu Deus!” Ele reconhece não somente Jesus ressuscitado, marcado pelas chagas da Paixão, mas adora-O como seu Deus.
Jesus anuncia então que não Se apresentará mais à vista dos homens, mas será necessário reconhecê-l’O unicamente com os olhos da fé. E faz desta fé uma bem-aventurança: “felizes os que acreditam sem terem visto!” Hoje, somos nós os convidados a viver esta bem-aventurança.
Oxalá possam as nossas dúvidas e as nossas questões ser, como para Tomé, caminho de fé! E que a nossa comunidade seja um lugar concreto onde se possa continuar a «ver» e a «tocar» a presença de Jesus ressuscitado, porque testemunha do mesmo «sopro» de paz com que Jesus derrama o Espírito de Deus sobre nós. Na Eucaristia, na Palavra, nos gestos de amor, de serviço e de partilha, é Jesus Ressuscitado que está presente e se faz ver e tocar.
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